terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Psicanálise

— Continuas um tanto triste, ou é impressão minha? Não deu resultado a leitura da República?
— És tão engraçado… Aqui não se fica triste, nem sem perde a esperança que já se não trouxe. Não, estava só a pensar numa mágoa que, apesar disso, veio comigo. Vais achar graça…
— Aqui também não se acha graça a nada, meu caro. Muito menos a mágoas. Mas diz lá.
— Tenho pena de não ter feito psicanálise…
— Penico! Essa deixa-me atordoado, ou abasurdido, como dizia o francês…
— Imagino, mas é mágoa mesmo, mágoa genuína.
— Achas que davas melhor morto com psicanálise?
— Não, acho que dava um morto mais livre. Sabes que é essa a novidade da psicanálise, orientar-se para a liberdade, não para a felicidade?
— Não sabia. E mais alguém sabe? Além de ti, claro.
— Arrependo-me sempre de falar contigo. Chiça!