A expectativa
Um pobre judeu, cansado de há muito estar sem emprego, resignou-se a pedir auxílio ao rabino, homem no geral bondoso mas a quem se atribuía acentuada tendência para o sarcasmo. A reputação, convenhamos, era justificada. Eis o diálogo:
— Emprego... agora — disse o rabino, coçando a cabeça —, só se for ficares todo o dia à porta do gueto…
— Sozinho? — logo interrompeu o desempregado, que tinha óbvio problema com a rejeição.
— Bom, não necessariamente, posso arranjar-te uma companheira… Olha, serve aquela ali?
— Bem bonita!
— Pois, mas não foi escolhida por isso. Bom, como ia dizendo, vais para a porta do gueto, ficas lá todo o dia, e quando chegar o Messias corres a avisar-nos.
— Não parece difícil. E é trabalho bem pago?
— Não, não recebes nada. Mas é um emprego estável…
(Foto tirada daqui.)