sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Primeira sessão (malogro)

—?
— Bom, cá estou eu…
Isto começa mal!
— Essa agora! porquê?
— Ora, uma simples frase com tanta asneira, ou uma só, incompatível de raiz com o que pretendemos fazer: presumir que se sabe de antemão…
— … que se sabe de antemão o quê?
— Que há um “cá”, designável e localizável. Que se pode habitá-lo, entrar ou sair ou permanecer nesse “cá”. E sobretudo que, chegando a esse “cá”, o tal “eu” continua “eu”. No fundo, presumir que há um “eu”, uno, sempre designável, sempre localizável, e através de todos os mundos por onde passa imutável e por isso identificável…
— Que coisa desagradável, tanto ável. Não sei se é gostável.
— Não te queixes. Isto tem de ser bem feito.Vá lá, sai e volta a entrar.