quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Dinheiro

— Ponderei, pensei, e olha! resolvi aceitar aquela tua ideia, a proposta de encenarmos a psicanálise.
— Boa! quando começamos?
— Calma, há um ponto que precisa de esclarecimento: o dinheiro.
— Dinheiro?! Que dinheiro?
— Não disseste que eu devia pagar?
— Sim, claro, não há psicanálise sem pagamento. Como queres tu garantir a distância do analista? O pagamento protege analista e cliente dos fluxos passionais; por outro lado, é quase como pagar a alguém para ser nosso amigo ou simplesmente simpatizar connosco.
— Safa! recorrem ao dinheiro para isso?
— A coisa é tão familiar, tão comum, que já ninguém se apercebe da função original do dinheiro. Mas é isso mesmo, posso garantir-te. A função original do dinheiro, a própria razão da sua invenção, não é outra.
— Matar o desejo? Ou substituir o desejo? Não percebo bem…
— Desejo!? Qual desejo?! Não, homem, pagar ao psicanalista. A razão de ser do dinheiro é pagar ao psicanalista.