segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A esperança e o sismo

Encontrei ali um gajo que me disse, sem mais nem menos, que ninguém entende nada da República do Platão enquanto não a considerar um livro organizado em torno do problema de saber como evitar o desespero. Diz que leu isso num autor cujo nome lhe escapa, o palerma...
— Olha que, assim de repente... até me parece que, com o tempo, me podia afeiçoar a essa ideia...
— ... de repente... com o tempo... não há aí contra-senso?
— Não, nada disso. Sabes... o que mata não é o cancro, a tentação do abismo, a doença auto-imune, o acidente de trabalho, o aborto às onze semanas — o que mata é a falta de esperança.
— Isso é lindo, sim. Mas... e o sismo?