quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Adivinha (reencaminhada )

(Posta-restante)

À superior atenção do Luís Mourão:

Num mundo superiormente letrado — seguramente aquele que se seguirá à aplicação, plena e eficaz, do chamado processo de Bolonha —, seria possível, perdão, será possível, aos almanaques de jornal ou aos blogues como este, inserirem desafios, na forma de adivinha, em vez de tópicos de reflexão:
Com que razão se pode afirmar que o sentido crítico do moderno entrou na literatura portuguesa quando Camilo, nas vésperas da publicação em livro do Crime do Padre Amaro e numa carta ao Visconde de Ouguela, disse de Eça: “Este rapaz vem tomar a vanguarda de todos os romancistas. É um admirável observador e conquanto faça pouco caso das imunidades da língua tem a arte de fazer admiráveis defeitos”?

(Note-se o termo vanguarda, mas não é por isso. Que me dizem a “imunidades” da língua? É possível fazer pouco caso delas e ainda assim fazer coisas admiráveis, sobretudo para quem fazia muito caso das “imunidades” da língua? E que arte é essa que produz coisas admiráveis pela violação, pela ignorância ou pelo desdém das “imunidades” da língua?)