quarta-feira, 26 de abril de 2006

Da citação na vida quotidiana



Edward W. Said, que por acaso ainda ontem surpreendi em conversa animada com Arafat (imagino do que falariam…), começa um ensaio intitulado “The Return to Philology” com estas palavras desanimadoras: “Philology is just about the least with-it, least sexy, and most unmodern of any of the branches of learning associated with humanism, and it is the least likely to turn up in discussions about humanism’s relevance to life at the beginning of the twenty-first century.” Muito desanimadoras, estas palavras, mas se calhar muito falsas. Quem nunca iluminou uma situação dolorosa, até dilacerante — da vida, quero dizer —, com uma frase de livro, ali oportuna e por isso mesmo… hmmm… iluminadora, decerto não avalia a enorme importância de o fazer correctamente: a citação deve ser fiel, aliás fidelíssima, ou será intrusa, ineficaz e ao cabo enganadora. Pode chamar-se a esta exigência acribia, supostamente uma qualidade de filólogos. Aliás, quem me dera ter sido filólogo, em vez de simples logófilo.