Este blogue ainda não acabou
— Nota que a afirmação do título pode ser enganosa, ou contingente, derivar por exemplo de alguma gralha… quem te garante que o ponto de interrogação não caiu?
— Sim, está-se a ver… o ponto de interrogação cansava-se de aparecer a repetir a mesma pergunta… sim, porque já foi feita, como sabes. Isto aliás devia chamar-se a náusea, ou a náusea não acabou, Deus nos livre…
—A pergunta deve ser repetida. Aliás, é sempre repetida. De cada vez que visitas um blogue, afinal vais verificar se acabou: e chegas lá e perguntas, sem te dares conta, "este blogue não acabou?"
— Pensei que ias dizer que, de cada vez, deixo subentendida a afirmação "olha! este blogue não acabou".
— Gaita! mas não vês que é o mesmo? Um blogue está sempre à beira do fim, do termo, ou melhor dito, da interrupção. Pode acabar a qualquer momento, porque não há nenhuma regra inerente que lhe imponha um fim.
— E por outro lado nunca acaba, não é mesmo? Quem quer que lhe ponha fim, abandona-o…
— Agora és tu que repetes…
— E devo repetir: quem quer que lhe ponha fim, abandona-o constituindo-o totalidade separada, livre, autónoma, o que quiseres. Destinada ao esquecimento, muito provavelmente, mas fechada, completada, organizada para que possa ser tomada como um todo. É uma nova possibilidade, aliás uma imensa possibilidade.
— Mesmo que o fim tenha sido acidental…?
— Sobretudo nesse caso.
— Então estamos de acordo! É virtualmente impossível acabar com um blogue.
— Eu diria estruturalmente impossível.