quarta-feira, 6 de junho de 2007

Caprichos


— Só não acabo de entender a vantagem de nos manterem mortos. Digamos que foi um capricho, a nossa morte. Aceito bem os caprichos, aliás gosto de caprichos…
— Tu mesmo és particularmente caprichoso.
— Achas? Nunca me disseram isso…! És o primeiro… em que te baseias? e sou caprichoso porquê? a que caprichos te referes? quando foi o último capricho que…
— Pronto, pronto, não és caprichoso. Continua.
— Melhor, assim. Com caprichos e caprichosos, os blogues acabam, e não quero que venham a acusar-me de ter acabado com este. A morte, meu caro, a morte. Porquê manter-nos mortos? Sabes? Atinas com a explicação?
— Sim, atino. Trata-se apenas de ilustrar um preceito. Um vulgar preceito. Enfim, convenhamos, não tão vulgar assim.
— Sim…
— Um blogue é escrito, certo? Ora a escrita está ligada à morte. Aí tens.
— Só isso?!
— Parece-te pouco? É tudo, o cerne, o osso da coisa, o essencial. A morte, meu caro. Podes orgulhar-te de representar o cerne, o osso, o essencial da escrita.
— Mas eu não escrevo nada…!
— Por isso é que este blogue mais dia menos dia acaba mesmo.