terça-feira, 11 de julho de 2006

Juntar, espalhar as cinzas

…ah sei , talvez haja muitas vantagens, sim, muitas vantagens em estar vivo. Sempre se faz tanta coisa, não é? E simples, coisas simples. Tomar uma cerveja na praia ou, quem sabe, um sumo, brincar com uma criança ou tê-la a dormir nos braços, ouvir um amigo que precisa de ser ouvido, acordar feliz quando não parecia possível, combinar um encontro ou ver um filme na companhia certa. Um filme, sim. Um daqueles filmes que se vão ver sem fazer ideia do que sejam, pura surpresa, pode ser tudo, pode ser um filme chinês, quase chinês, chinês entre outras coisas, pode ser um melodrama, quase um melodrama, pode chamar-se qualquer coisa como «A Filha do Botânico», pode ser que no fim haja alguém ao lado que chora, pode ser que no fim haja uma carta e alguém que na carta pede, antes de morrer, que lhe misturem as cinzas com as cinzas da pessoa amada que também vai morrer, pode ser que peça para espalharem as cinzas misturadas nas águas do lago e para quê, para que assim, calcule-se, «possam viver tranquilas», ambas, mortas, em cinzas, ambas, «possam viver tranquilas». Ah sei